As formas as quais os consumidores se relacionam com as empresas têm passado por importantes mudanças. Os clientes estão cada vez mais exigentes e desejam saber exatamente o que estão consumindo.
Dentro desse contexto, o conceito de rastreabilidade torna-se fundamental. Produtores rurais e empresas agropecuárias estão investindo em tecnologias e soluções que favoreçam a rastreabilidade como forma de se diferenciar e de oferecer mais informações aos consumidores.
Rastreabilidade é o acompanhamento de todo o percurso de uma matéria-prima, desde a sua origem até o uso no produto final. É o conjunto de procedimentos que permitem detectar a origem e acompanhar a movimentação de um produto ao longo da cadeia produtiva, mediante elementos informativos e documentais registrados, ou seja, identificar qual é o produto, de onde ele veio e para onde ele vai.
Como exemplo, tomando como base o setor de hortícolas e frutíferas, a revista Hortiftuti Brasil, publicação do CEPEA – ESALQ/USP, na sua edição deste mês de agosto, traz como matéria de capa os avanços da rastreabilidade em cada nível da cadeia de comercialização das frutas e hortaliças desde que se tornou norma, em 2018.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA publicaram em 08/fevereiro/2018 a Instrução Normativa Conjunta - INC nº 02/2018.
A INC n° 02 indica que HFs frescos devem estar devidamente adequados à rastreabilidade, com informações desde a origem até o consumidor. Destacam que ainda há um percentual de produtores que não possui todos os registros definidos na lei da rastreabilidade ou que desconhece o conceito. É o que mostra a pesquisa inédita realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre o tema, com resultados preliminares compartilhados com a Hortiftuti Brasil.
Dos 400 questionários aplicados nos estados acompanhados pela Equipe Hortifruti/Cepea, 57% dos
produtores e 71% dos fornecedores e distribuidores afirmaram ter conhecimento sobre a rastreabilidade.
Dentre os pesquisados, 70% responderam que não realizam rastreabilidade na sua produção, motivados por (31%) não saberem que era lei; (29%) por falta de defensivos registrados; (22%) de que seus clientes não exigem e (6%) não veem necessidade.
Quando perguntados se tiveram auxílio para implantar a rastreabilidade, (31%) informaram que sim e (69%) que não tiveram.
(87%) consideraram a rastreabilidade positiva para a sua produção/comercialização, entretanto, quando perguntados se a prática da rastreabilidade tem trazido mais custos 'a sua produção, 39% responderam que sim.
Apesar de a implantação da rastreabilidade ter aumentado os custos de 61% dos respondentes, a grande
maioria (87%) também considera a rastreabilidade positiva para a sua produção/comercialização.
Para maiores detalhes e informações desta pesquisa, ela pode ser acessada por meio dos canais de comunicação do CNA, ou acesso a revista Hortifruti Brasil.
Mas o que ainda falta para avançar? É muito importante a divulgação da norma, já que aqueles que
participaram da pesquisa que ainda não implementaram a rastreabilidade não sabiam de sua obrigatoriedade.
Um outro ponto crucial é a ampliação dos registros de defensivos agrícolas, principalmente para o grupo
das minor crops, que são as pequenas culturas que produzem boa parte das frutas e hortaliças e ainda alguns cereais e leguminosas importantes na alimentação humana. Ressaltam também que deve ter uma fiscalização na ponta compradora, pois nem todo comprador exige a rastreabilidade.
Apesar de não contemplar toda a pesquisa, os dados já revelam que os produtores mais organizados, que
possuíam uma estrutura mínima de registros, acesso a técnicos e conscientes da importância de agregar valor ao seu produto, apesar do possível aumento dos custos, já estão em conformidade com a norma de rastreabilidade, e tem vivenciado benefícios em função disso.
A rastreabilidade pode parecer, para muitos, mais complexa do que realmente é. Mas a INC é acessível e
não há nenhuma exigência que esteja totalmente fora do alcance dos produtores. O principal é conscientizar a cadeia como um todo para que haja mudança de comportamento e que todos os registros passem a se tornar no setor.
O contexto geral da rastreabilidade vegetal é simples: CADA UM É RESPONSÁVEL PELA SUA ETAPA!
Fonte: https://www.sankhya.com.br/blog/rastreabilidade/ acessado em 25/8/22.
https://www.cnabrasil.org.br/agritrace-vegetal/rastreabilidade.html acessado em 25/8/22.
https://www.hfbrasil.org.br/br/revista.aspx acessado em 25/8/22.

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